Muitas pessoas já passaram pela experiência de se sentir desconfortáveis em uma relação onde existe uma terceira presença, seja uma pessoa, um hábito ou até mesmo a tecnologia. Neste artigo, compartilho como vivi essa situação e quais reflexões ela me trouxe.
Onde começa o desequilíbrio em uma relação?
Qual é o ponto de partida, onde alguém possa viver tranquilo a sua vida, a sua relação?
Deveria ser desde o início.
Mas quando em torno existe a manipulação persistente de uma parte, isso raramente será possível.
Em um relacionamento saudável, espera-se que o casal consiga construir a própria rotina, tomar decisões em conjunto e enfrentar os desafios lado a lado. No entanto, quando há interferência externa constante, seja de familiares ou de terceiros , a relação perde a paz. O casal deixa de ser dois e passa a ser três, quatro ou até mais, e isso mina a intimidade.
Conflitos familiares e manipulação persistente
Quando eu estava morando no Brasil, meu esposo dizia como a vida dele era difícil com os pais e eu não sabia exatamente o porquê.
Ele chegava a dar algum spoiler, mas eu não conseguia entender a razão disso.
Nos vídeos, eu via ele extremamente nervoso, gritando por coisas banais. Imagina eu fazendo perguntas simples como:
- O que você fez hoje?
- Por que você ficou tão ausente?
Tudo era motivo para gritos e escândalos. Esse lado horrível dele existe até hoje.
Isso mostra um padrão: a dificuldade dele em lidar com situações cotidianas sem perder o controle. E, infelizmente, quem vive ao lado de alguém assim sente na pele o desgaste emocional, a frustração e até a perda da própria identidade.
Um exemplo real: o ovo com atum
Vou dar um exemplo do que aconteceu hoje.
Ele estava dormindo tranquilo, a mãe dele bateu na porta e ele atendeu.
Ela perguntou se ele queria ovo com atum (sabe, ovo cozido com atum por cima?) e ele disse sim.
Antes disso, eu já tinha pedido: “Se for comida, diga que não!”
O motivo da minha preocupação
Explico: tenho uma geladeira muito pequena e já estava lotada, graças a Deus.
Tínhamos três tipos de comidas em potes, e ele ainda aceitou mais um pote.
Sinceramente, pra que?
Esse é um detalhe aparentemente simples, mas que para mim representa algo maior: a falta de consideração e de parceria. Quando pedimos algo ao companheiro e ele ignora, te deixa um ponto de interrogação sobre o que você representa efetivamente para ele!
não é só por mim, a geladeira está tão cheia que o compartimento pode cair. É como se só importasse o que ele quer, sem ver o dano que pode causar no material, mas também em mim que está pensando na nossa família.
Quando o diálogo vira grito
Depois, perguntei:
— Por que você aceitou, se eu disse para não aceitar, já que temos comida para finalizar?
A resposta dele foi:
— Você não manda em mim! Estou cansado disso tudo. Você e minha mãe são diabólicas. Eu vou te levar lá em cima e você vai ver.
Eu questionei:
— Eu vou ver o quê?
E ele respondeu:
— Cale a sua boca!
Esse é o meu marido. Muitas vezes tento justificar suas ações, mas no fim não entendo como pode ser tão cruel e insensível.
Gritos e escândalos constantes
Você consegue imaginar um homem gritando, fazendo escândalo para todos ouvirem?
Esse é ele.
Essa é a parte dentro dele que eu odeio e que eu não consigo compreender.
Ele ignora tudo o que faço de bom antes de falar qualquer coisa. A sensação é de que nada do que eu faço é suficiente. E essa frustração cresce cada vez que uma situação assim acontece.
A inversão de culpa
Depois, ele chegou e disse:
— Por que você aceitou o pedaço de torta que ela te deu? Você quer emagrecer e continua aceitando coisas dela!
Mas eu não peguei para mim, peguei para ele. E, diferente da situação do ovo, a geladeira não estava cheia.
Minha relação é assim:
Ele faz algo que me desagrada, grita e depois consegue virar tudo contra mim.
Esse tipo de atitude é conhecido como inversão de culpa: quando a pessoa que erra não assume responsabilidade, mas acusa o outro para se defender. É um mecanismo tóxico que destrói a confiança e mina a autoestima de quem está do outro lado.
Reflexão sobre relacionamentos tóxicos
Pode parecer um detalhe pequeno, e acabou de acontecer, por isso estou relatando agora.
Mas, com o passar do tempo, vou compartilhar outras coisas mais profundas e dolorosas que ele já fez e isso de hoje é só um acúmulo do que já passei.
Antes de publicar li e pensei: Que coisa banal, mas meu coração está tão machucado de tantos gritos, xingamentos, ameaças e escândalos que esse é mais um episódio onde não fui respeitada na minha casa e por meu marido.
Essa é a realidade de viver em um relacionamento onde a manipulação, o desrespeito e a influência externa transformam situações simples em verdadeiras batalhas emocionais.
Os sinais de alerta de um relacionamento tóxico
Com base na minha experiência, percebo alguns sinais que não devem ser ignorados:
- Gritos constantes: quando o diálogo nunca acontece em tom de respeito.
- Escândalos públicos: situações privadas que viram espetáculo para os outros.
- Inversão de culpa: o erro nunca é assumido, mas sempre jogado de volta.
- Influência externa: quando terceiros têm mais voz do que o próprio casal.
- Falta de empatia: não considerar os sentimentos e pedidos do parceiro.
Esses sinais, quando somados, criam um ambiente sufocante.
O impacto emocional da manipulação
Viver nesse ciclo causa:
- Ansiedade e medo constante.
- Sensação de isolamento.
- Dúvidas sobre o próprio valor.
- Culpa por situações que não deveriam ser culpa nossa.
E isso, com o tempo, pode comprometer até a saúde física, já que o corpo reage ao estresse contínuo.
O que aprendo com tudo isso
Contar minha história aqui é também uma forma de organizar meus sentimentos. Muitas vezes a gente se cala, acha que está exagerando, mas quando escreve percebe o quanto a dor é real.
O que aprendo, pouco a pouco, é que:
- Não se deve normalizar gritos e desrespeito.
- Manipulação não é prova de amor, é controle.
- O silêncio dói mais que a briga, mas falar ajuda a enxergar.
- É preciso colocar limites, mesmo quando é difícil.
Quando a vida a dois vira uma luta diária
Minha intenção não é apenas desabafar, mas também mostrar que pequenas situações revelam grandes problemas. O ovo com atum, a torta, a geladeira cheia… nada disso seria importante se houvesse respeito e parceria.
Relacionamentos são construídos com confiança, diálogo e empatia. Quando isso falta, cada detalhe vira gatilho para brigas e feridas emocionais.
Essa relação a três, onde sempre há uma interferência externa e onde o grito é a linguagem mais usada, me incomoda profundamente. E, ao compartilhar aqui, espero que outras pessoas reconheçam os sinais e reflitam sobre suas próprias relações.
Ninguém merece viver aprisionado em um ciclo de manipulação, falta de respeito e dor. O amor deveria ser refúgio, não campo de batalha.