Entre o Amor e o Controle: Minha Esperança por um Futuro Melhor

Escrevo este relato no ano de 2025, depois de muitas experiências intensas que vivi ao lado do meu esposo. Ao longo deste blog, também vou compartilhar histórias difíceis de 2023 e 2024, anos que me marcaram profundamente e, por vezes, foram até cruéis. Mas escolhi começar pelo presente, porque é daqui que continuo, é daqui que sigo tentando entender, perdoar, aprender e acreditar que tudo pode mudar. Este texto mostra um pouco de como estamos hoje, depois de tantas lutas, erros, dores e também pequenas esperanças que ainda guardo no coração.

Nem sempre é fácil escrever sobre a própria vida. Muitas vezes sentimos vergonha, medo de sermos julgados ou até dúvidas se alguém realmente vai entender nossa dor. Mas aqui, neste espaço, escolhi ser honesta. Compartilho minha história porque acredito que, ao abrir meu coração, outras pessoas também possam se identificar, refletir e talvez encontrar esperança.

Quero deixar claro: escrevo situações reais que vivi. Muitas delas não são boas. Me frustram, me machucam, me deixam mal. Mas também existem momentos de carinho, gestos de amor e esperança. Não sou perfeita, assim como meu esposo também não é. Como em qualquer relacionamento, há falhas dos dois lados.

Este texto é um desabafo, mas também um testemunho de fé, resiliência e esperança.

Nem Sempre é Ruim

Apesar das dificuldades, há coisas boas no meu casamento. Meu esposo é carinhoso em alguns momentos, tem um bom coração e sabe demonstrar isso com palavras doces. Ele cozinha muito bem, poderia facilmente assumir a cozinha, mas como eu fico em casa e ele trabalha fora, geralmente não deixo que faça.

Ele é uma pessoa determinada, disciplinada em suas metas. Quando decide algo, realmente se empenha. Essa força de vontade é uma das qualidades que admiro nele.

Mas, ao mesmo tempo, percebo o quanto sua história de vida influenciou sua forma de ser hoje.

A Vida Sob Controle

Meu esposo passou praticamente toda a vida sob o controle dos pais. Desde pequeno, acostumou-se a ter cada passo vigiado. Quando cresceu e tentou se libertar, ainda assim mentia para os pais, porque sabia que, se contasse a verdade, ouviria críticas e restrições intermináveis.

Essa vigilância não acabou na vida adulta. Até hoje, mesmo casados, seus pais querem saber onde vamos, a que horas voltamos, em que turno ele está trabalhando. Se não sabem, esperam nosso retorno para perguntar.

Isso cria uma sensação sufocante, como se nunca fosse possível respirar em paz. Às vezes tenho vontade de dizer: “O que muda na vida de vocês saber de cada detalhe?” Mas, como moramos de favor, me contenho.

O Ciclo Financeiro

Outra questão complicada é a financeira. Sempre que ele passava dificuldades, os pais ajudavam a pagar contas. Isso criou um ciclo de dependência. Eles ajudam, sim, de coração. Mas junto com a ajuda, vem também um preço emocional muito alto.

Eu, que cresci de forma diferente, vejo isso com outros olhos. Para mim, liberdade também significa independência financeira.

Quando finalmente tive acesso às contas dele, organizei tudo em uma planilha de Excel. Quis mostrar que a educação financeira é importante, que podemos planejar e sonhar juntos.

Ele, porém, ainda luta com o peso do passado. Durante anos, endividou-se no cartão de crédito para conseguir viajar por alguns dias e escapar da realidade.

A Manipulação Disfarçada

Com o tempo, percebi um padrão: sua mãe sabe exatamente como pedir as coisas. Se precisa de algo, oferece dinheiro em troca, e ele se sente no dever de dizer “sim”. Não porque sempre quer, mas porque se sente grato e, de certa forma, manipulado.

Essa dinâmica é perigosa, porque reforça o controle e mina a autonomia dele.

O Pai e Suas Perguntas

O pai dele também exerce controle, mas de outra forma. Ele faz perguntas sucessivas, repete várias vezes, como se quisesse confirmar se dizemos a mesma coisa. Parece uma investigação constante, que desgasta e cria tensão.

Oração em Meio à Tempestade

Diante de tudo isso, começamos a orar juntos. Foi uma decisão que partiu do coração, uma tentativa de buscar sabedoria em Deus. Tivemos dias em que brigamos e não oramos, e isso me entristeceu.

Lembro de uma noite em que ele disse: “Essa oração não funciona.”

Chorei. Mas no dia seguinte, tomei coragem e me ajoelhei perto da cama. Para minha surpresa, ele se ajoelhou também e orou comigo. Esse pequeno gesto foi um sopro de esperança.

A Dor de Viver Perto dos Pais

Quando morávamos a poucos minutos de distância, a mãe exigia que ele fosse visitá-la uma vez por semana. Agora que vivemos na parte debaixo da casa deles, ela vem todos os dias. Sempre há uma desculpa: uma pergunta qualquer, uma curiosidade sobre o turno de trabalho dele ou simplesmente uma visita sem motivo claro.

Eu respondo com educação, mas por dentro me pergunto: “Por que tanta necessidade de saber de tudo?”

Essa intromissão constante  não dá espaço para o relacionamento florescer sem interferências. Mesmo quando estávamos morando de aluguel, eu nunca ouvi meu esposo dizer que tinha saudades dos pais, nunca deu tempo de sentir falta, a exigência da presença dele era constante!


A Dor de Viver Perto dos Pais

A vida dele sempre foi marcada pelo controle.

A mãe organizava o turno de folga dele para saber o que pedir ao filho. Quando meu esposo estava na casa deles, ela fazia de tudo para pedir para ele realizar muitas tarefas em casa para mostrar como ela precisava dele, mesmo tendo dinheiro para poder pagar qualquer pessoa, ela sempre soube como manipulá-lo através do dinheiro.

Houve até um episódio que nunca vou esquecer. Quando meu esposo precisou passar por uma cirurgia, nós ainda morávamos de aluguel. Assim que ele recebeu alta, os pais dele foram buscá-lo no hospital e, ao invés de levarem ele para a nossa casa, o lar onde eu aguardava por ele, decidiram levá-lo diretamente para a casa deles. Como se eu não existisse, como se o casamento dele não tivesse importância. Vocês entendem como isso é absurdo? Como parece que lidamos com gente louca? Esse tipo de atitude mostra exatamente o quanto eles querem manter o controle, sem considerar nossos sentimentos como casal.

As Marcas do Passado

Quando penso em meu esposo, vejo muito além do que ele é hoje. Vejo um homem marcado por uma vida de privações.

  • Sofreu bullying na escola.
  • Foi traído pela ex-mulher.
  • Cresceu em um lar cheio de gritos e ofensas.
  • Foi sufocado pelo controle dos pais.

Tudo isso moldou sua forma de agir, inclusive nos momentos em que erra comigo, com palavras duras, gritos e atitudes que me ferem. Ele não me pede desculpas espontaneamente, eu sempre devo dizer que ele me deve algo. Não justifico essas atitudes, mas tento compreender de onde vêm.

Meu Desejo

O que eu mais desejo é conquistar um trabalho. Quero poder contribuir financeiramente, não apenas para aliviar o peso das contas, mas também para criar uma oportunidade de mudança.

Se pudermos viver em uma casa independente, acredito que muitos dos conflitos diminuirão. A cada dia vejo que ele percebe como os pais o sufocam e voltar a morar aqui, tem deixado ele aliviado pelas contas sim, afinal, não paga aluguel, mas estressado pela cobrança diária. A distância traria liberdade para ele se redescobrir como homem, marido e indivíduo e poder finalmente colocar limites nas visitas, poder escolher se quer ver os pais uma vez por semana ou uma vez por mês por exemplo. 

Não quero separar ele dos pais, mas permitir que ele escolha quando visitá-los, sem se sentir obrigado. 

A Esperança que Me Sustenta

Muitas pessoas, ao ler minha história, podem pensar: “Por que você ainda está com ele? Ele não vai mudar.”

Eu entendo esse olhar de fora. Mas viver a situação é diferente. Eu vejo lampejos de mudança, pequenos passos de amadurecimento. Vejo o esforço nas orações, a tentativa de fazer diferente.

Tenho esperança. E é essa esperança que me sustenta.

Reflexão Final

Meu relato não é contra meus sogros. Eles nos ajudam, e sou grata. Mas o preço é alto para nossa saúde mental. Meu objetivo aqui não é acusar, mas mostrar como um passado de controle e dor pode moldar uma pessoa, afetar um casamento e criar barreiras invisíveis.

Acredito no poder do amor, da fé e da mudança. Acredito que, com oportunidades, podemos construir uma vida diferente.

Ainda amo meu esposo e quero vê-lo feliz. Quero vê-lo livre das correntes do passado, capaz de sonhar e conquistar.

Eu não sei o que o futuro reserva, mas sei que não caminho sozinha. Tenho Deus ao meu lado, e é n’Ele que deposito minhas esperanças. Cada oração feita de coração já é uma semente plantada, e sei que um dia dará frutos.

Talvez você que me lê agora também esteja vivendo algo parecido: uma relação difícil, familiares controladores, ou até mesmo a sensação de estar preso em uma vida que não escolheu. Se for o seu caso, quero te dizer: Investigue o passado do seu esposo, namorado, veja o que ele passou realmente e dependendo da resposta, diga a ele para procurar ajuda profissional, você pode tentar isso, eu tentei, mas o meu disse não, quem sabe você tem mais sorte que eu.  

Pequenas mudanças, um passo de cada vez, podem abrir portas que hoje parecem trancadas.

Eu escolho acreditar. Escolho acreditar que meu esposo pode amadurecer, que podemos conquistar nossa independência, que o amor pode ser mais forte do que o peso do passado. Escolho acreditar que, com Deus, tudo é possível.

E se hoje você também está em meio a lutas, lembre-se: a dor não define quem você é, nem precisa ser o fim da sua história. A esperança é a chama que mantém a gente de pé. E enquanto ela estiver acesa, sempre haverá um caminho para recomeçar.

E sigo em oração para que Deus nos guie nessa jornada.

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