Sempre ouvi histórias sobre sogras, que atrapalham a vida das noras, que não se desapegam dos filhos, que criam dependência emocional. Mas até pouco tempo, eu nunca tinha vivido isso de verdade. Agora entendo o quanto pode ser um desafio.
Não quero aqui falar mal, mas compartilhar fatos da minha convivência. Minha sogra tem um coração bom, eu reconheço isso. O problema é que muitas vezes ela é dominada por lamentações, dramas e atitudes que acabam sufocando o próprio filho e, consequentemente, interferindo no nosso casamento.
O controle sobre o filho
Desde antes de morarmos com eles, havia sinais de controle. Quando morávamos no apartamento, meu esposo precisava deixar a escala de turnos exposta para que os pais soubessem exatamente seus horários de trabalho e folga. Isso significava que, obrigatoriamente, ele teria que ir visitá-los. Caso contrário, as ligações insistentes começavam. Meu esposo era obrigado a visitar os pais uma vez por semana, isso não quer dizer que algumas vezes não fosse prazeroso, mas sabe aquela sensação de não poder decidir se ir ou não?
Mesmo agora, já casado, ele ainda vive preso a essa rotina. Sempre que chega ao trabalho, precisa mandar uma mensagem para o pai confirmando que chegou. Antes de morarmos juntos com os meus sogros, ainda havia a obrigação de mandar mensagem de “boa noite” todos os dias. É um controle que se repete há anos, como se ele nunca tivesse crescido.
As dores que aparecem e desaparecem
Outro ponto difícil é a forma como minha sogra lida com a própria saúde. Em casa, sempre aparece uma dor nova: no braço, na perna, na coluna, quando chegam visitas ou eu e o filho, as dores se intensificam. Mas quando está fora ou é convidada para fazer o que gosta, parece estar bem.
Isso gera desgaste porque meu esposo, que já convive com isso há muitos anos, sabe que muitas vezes as dores não são reais. Para mim, que cheguei depois, foi mais fácil perceber esse padrão. A consequência é que muita gente se afasta. Amigos e conhecidos já não a procuram, porque sentem que o convívio fica pesado.
Eu, sinceramente, tenho pena dela em alguns momentos. Mas em outros, só sinto o peso de tanta negatividade dentro de casa.
A falta de privacidade
Agora que estamos morando com os sogros, a convivência se tornou ainda mais intensa. Eu gostaria de ter privacidade com meu esposo, de ter momentos só nossos, mas muitas vezes isso não é possível.
Ela aparece perguntando os horários de saída e chegada, cobra informações dos turnos de trabalho, insiste em cozinhar para ele como se ainda fosse solteiro. É difícil porque, mesmo eu ajudando com algumas tarefas da casa, percebo que ela não quer realmente a minha ajuda. O que ela quer é manter o filho como um “eterno dependente”.
O reflexo no casamento
Não posso deixar de notar que muitos dos defeitos que vejo no meu esposo, como gritar quando está irritado, ser dramático ou responder de forma agressiva , têm semelhança com o comportamento da mãe. Isso dói, porque não quero viver dentro de um ciclo que se repete.
Ele mesmo já disse frases que me marcaram muito, como: “Eu só vou ter paz quando vocês três morrerem: O pai, A mãe e eu.” Essa frase mostra o quanto ele carrega de peso e de prisão emocional dentro da própria família.
O que eu aprendi com isso
Essa convivência me ensinou muito. Aprendi que sogros controladores podem, sim, sufocar um casamento. Aprendi que pessoas negativas afastam até quem gostaria de se aproximar. E aprendi, principalmente, que precisamos lutar por independência para ter paz dentro do lar.
Não tenho ódio da minha sogra, nem desejo o mal. Só quero que ela entenda que o filho cresceu, casou e precisa viver a própria vida. Quero que possamos nos mudar, construir a nossa rotina sem interferências, e que eu consiga trabalhar para ajudar a tornar isso possível.
Um conselho para quem vai casar
Se eu pudesse deixar um conselho para quem está prestes a casar seria: tenham a própria independência. Construam uma vida de casal sem precisar dividir casa com sogros. Vejam, meus sogros moram na parte de cima e nós na parte de baixo, Por mais bem-intencionados que sejam, a convivência diária traz conflitos, cobranças e falta de privacidade. Minha sogra insiste em não nos dar privacidade, faz parte dela essa interferência.
Eu sigo acreditando que vamos conquistar nosso espaço. Que com esforço e fé, poderemos nos mudar e viver como marido e mulher, sem tanta pressão externa. Enquanto isso, vou registrando aqui a minha experiência, para que outras pessoas que passem por algo parecido saibam que não estão sozinhas.